Resolvemos subverter a essência do jornalismo tradicional que aponta os erros da nossa sociedade, criando um periódico que trouxesse sempre boas notícias sem perder o senso crítico, essencial a qualquer veículo que se preze.
Oi, gente! Tudo bem? Como estão nessa quarentena? Espero que todo mundo esteja bem e se mantendo em casa…
Bom, no começo desse mês teve início nos Estados Unidos uma onda de protestos contra a morte do americano George Floyd, homem negro assassinado brutalmente por um então policial que o sufocou. A sua morte serviu como “ponta-pé” para que o movimento antirracista ganhasse mais força e visibilidade. Os atos em pró do movimento também impactaram o cenário brasileiro que, na semana anterior, havia perdido o João Pedro, adolescente de 14 anos morto pela polícia dentro de sua casa quando brincava com primos e amigos. As mortes mencionadas – que são apenas duas dentro dos milhares de negros que são mortos pelo Estado – se tornaram símbolos da luta antirracista e da busca pela igualdade.
Com base nesses acontecimentos e buscando dar cada vez mais voz e espaço ao movimento negro, o tema do mês de junho vai ser esse: diversos conteúdos de entretenimento de autoria negra que abordam questões raciais, sociais e de preconceito. Espero que todos gostem!
Séries
Olhos que Condenam_
A série Olhos que Condenam, lançada ano passado na Netflix, é um soco no estomago de todos que assistem (pra mim, pelo menos, foi!).
A série conta o caso real da condenação de cinco jovens negros acusados injustamente de estuprarem e agredirem uma jovem branca no Central Park em 1989. Os meninos, que tinham idade entre 14 e 16 anos, são levados à delegacia onde são coagidos a confessarem o crime e depois encaminhados para casas de detenção e para uma cadeia regular (no caso do único maior de 16 anos).
As penas de cada jovem variaram de 5 a 14 anos e a história só é “concretizada” quando o verdadeiro culpado, em 2002, assume o crime.
É uma série de 4 episódios extremamente difícil de se assistir – ainda mais por retratar um caso real – e gera muito incômodo, muita revolta… mas é um conteúdo muito importante e necessário. Na minha opinião, todo mundo deveria assistir.
Dear White People_
Dear White People (ou Cara gente branca, em português) é uma série cujo tema, como o próprio nome adianta, é o racismo. Ela conta a história de um grupo de jovens negros estudantes de uma universidade que – como a maioria – é majoritariamente branca. Logo nos primeiros episódios acontece uma festa blackface (que seria aquela temática em que pessoas brancas se fantasiam como negras, a famosa “nega maluca” que muita gente ainda insiste ser engraçado); a festa acontece e a partir daí tem início uma série de tensões raciais dentro do campus.
É uma série muito boa porque aborda muitas questões sobre o racismo estrutural, sobre o racismo contra outras raças, sobre o feminismo negro… é aquele tipo de conteúdo essencial pra qualquer pessoa que busca evoluir nesse assunto e realmente aprender. Eu gostei muito quando assisti.
Livros
Pequenho Manual Antirracista_
O Pequeno Manual Antirracista é um livro que eu comprei recentemente, de autoria da ativista Djamila Ribeiro e eu gostei muito! É uma obra muito bacana e com uma temática extremamente importante; ele aborda de forma muito simples o racismo estrutural, a história desse preconceito e do movimento negro, entre outras questões muito necessárias pra sociedade atual.
É aquela leitura essencial pra todo mundo que queira conhecer mais sobre o assunto, queira evoluir e deixar de ter muitos pensamentos e percepções que foram estipuladas por costumes e criações que não podem existir. Então vão nas livrarias online e comprem (eu vi agora e estava esgotado em todas mas coloca lá no “avise-me” porque realmente vale a pena)!
Quarto de Despejo_
O livro Quarto de Despejo foi lançado em 1960 e se tornou um best-seller mundial. A obra, espécie de diário, é formada pelo relatos da Carolina Maria de Jesus, mulher negra, moradora da favela do Canindé, em São Paulo e catadora de papel. Ela descreve sua realidade e suas vivências de miséria, pobreza e preconceito.
É um livro extremamente bom, real, tocante e com uma linguagem muito única. A leitura vale muito a pena!
Mulheres, Raça e Classe_
Mulheres Raça e Classe é uma das principais obras da Angela Davis, um símbolo da luta antirracista, integrante do grupo militante Panteras Negras, professora e autora de diversos livros essências sobre o tema.
O livro aborda a história do movimento negro, a relação entre o capitalismo, o racismo e a escravidão e também inclui o feminismo negro.
É muito interessante! Vale a pena ler a obra e também pesquisar sobre a vida da autora que, como eu disse, é símbolo do movimento.
Músicas
Além dos filmes, séries e livros também achei válido indicar algumas músicas; tendo em vista que também é algo muito importante e presente no movimento negro que, inclusive, conta com artistas incríveis e obras sensacionais. Algumas das minhas favoritas que abordam o tema de forma muito clara são:
Ilê Ayê – Gilberto Gil
Olhos Coloridos – Sandra De Sá
A Carne – Elza Soares
Costura da Vida – Sérgio Pererê
Filmes
A espera de um milagre_
Bom, começando pelos filmes…. À Espera de um Milagre é um daqueles conteúdos obrigatórios Ele foi lançado em 1999 mas ainda é totalmente atual. O filme se passa no sul dos Estados Unidos em um período em que a segregação racial ainda era muito presente e muito explicita; a trama gira em torno do personagem John Coffey, um homem negro, preso pelo assassinato de duas meninas gêmeas e do agente carcerário Paul Edgecomb que passa a conversar com o John e percebe que ele é, em realidade, uma pessoa muito boa. O filme é realmente extremamente bom e muito emocionante, além de contar com a atuação de atores sensacionais como o Michael Clarke Duncan e o Tom Hanks… tem que assistir!
Infiltrado na Klan_
Infiltrado na Klan é um filme extremamente bom e inspirado em fatos reais. A trama acontece em 1978 (também nos Estados Unidos) e conta a história de Ron, um policial negro que, através de cartas e muitos telefonemas, consegue se infiltrar na Ku Klux Klan – um dos maiores grupos racistas da história. O personagem se comunicava com os líderes do grupo e, quando necessário, mandava um policial branco em seu lugar.É um filme muito inteligente, extremamente interessante e sarcástico…. Muito bom, vale a pena!
Green Book_
O filme Green Book conta a história de Don Shirley, um pianista negro mundialmente famoso que vivia no norte dos Estados Unidos. Ele é convidado a fazer uma turnê pelo sul do país e pra isso contrata Tony Lip, um italiano totalmente conservador, pra ser seu motorista e segurança.
O filme é muito interessante pois se passa em 1962, momento em que a escravidão já tinha acabado formalmente nos Estados Unidos, mas ainda existia um preconceito extremamente forte e explícito pela população do norte.
Além das questões sofridas pelo personagem durante a turnê, que são muito revoltantes, a trama também mostra a evolução do personagem Tony quando passa a conviver com o Don. Então é muito bom, sendo, inclusive, vencedor do Oscar 2019 em diversas categorias – incluindo de Melhor Filme. Tem que assistir!
12 Anos de Escravidão_
A trama de 12 anos de escravidão se passa em 1841 – período em que a escravidão ainda vigorava nos Estados unidos – e conta a história do Solomon Northup, um escravo liberto que, após aceitar um emprego como músico, é sequestrado e vendido como escravo, tendo que abandonar sua vida e família.
É um filme extremamente triste e extremamente revoltante (como a maioria que abordam esse tema) porque mostra todo o sofrimento, toda dor e toda humilhação que o personagem passa por 12 anos.
Esse título também foi ganhador do Oscar como Melhor filme e conta com um elenco incrível. É, realmente, um dos meus filmes favoritos.
Histórias Cruzadas_
O filme Histórias Cruzadas se passa na década de 60 e mostra a vida da Skeeter, uma escritora branca e de família rica que começa a entrevistar uma série de mulheres negras pra saber das suas vidas e trabalhos. As entrevistas acabam sendo muito interessantes quando essas mulheres abordam questões como as dificuldades da mulher negra, como é abandonar a própria família pra cuidar da casa e das crianças de uma elite branca… tema que, apesar de se passar na década de 60, ainda é extremamente atual e, justamente por isso, muito válido de se assistir.
É um filme que, apesar da temática extremamente importante, é muito leve; a cena da torta de chocolate é, de longe, a minha preferida rs (e se assistir acho que vai ser a sua também!). Pode confiar e assistir, não vai se arrepender.
Perfis de Instagram
Além de todo conteúdo que eu mencionei também achei muito importante trazer alguns perfis de Instagram! Tendo em vista que atualmente é um das plataformas que a gente mais usa, o lugar que vemos notícias, acompanhamos personalidades, obtemos informações… então, justamente por isso, é muito importante que também acompanhemos personalidades e ativistas negros para que tenhamos acesso à pessoas que são de dentro e têm a voz do movimento. Afinal, não adianta nada a gente querer se colocar na luta antirracista se não ouvirmos as pessoas que estão dentro dela.
Então por isso achei bacana trazer alguns perfis de pessoas que eu sigo e admiro bastante!
@florarodrigues00 – perfil da poetisa Flora Rodrigues que cria poesias sobre a população negra, a vida marginalizada, a constante violência policial e outros temas da mesma natureza. Em resumo, um perfil de militância através da arte… eu adoro.
@moniqueevelle – perfil da empreendedora e ativista Monique Evelle, criadora do Desabafo Social, projeto focado na arrecadação de renda para educação e capacitação para geração de renda. Ela posta texto e dados incríveis.
@neggata – perfil da influenciadora Neggata. Ela, mulher negra, aborda o racismo e o movimento negro de forma muito simples e didática, gerando conteúdos sensacionais pra quem quer aprender sobre o assunto.
@spartakus – perfil do youtuber Spartakus. Um dos meus perfis favoritos. A maneira simples e clara como ele aborda os mais diversos assuntos – sempre de cunho social e focado nas minorias – é algo que eu aprendo e por isso sempre busco acompanhar.
Bom gente, é isso. Espero que as minhas indicações tenham sido válidas e despertem interesse em vocês… esse é um tema muito delicado mas que ao mesmo tempo precisa sempre ser em pauta e discutido; a minha intenção era – além de indicar esses conteúdos sensacionais – ceder esse espaço pro movimento e para as vozes que dele fazem parte. Torcendo pra que tenham gostado!