Resolvemos subverter a essência do jornalismo tradicional que aponta os erros da nossa sociedade, criando um periódico que trouxesse sempre boas notícias sem perder o senso crítico, essencial a qualquer veículo que se preze.
Comportamento ou
característica de abnegado; qualidade da pessoa que não tem interesse por dinheiro;
altruísmo, desapego.
O desprendimento é um exercício que nos coloca à prova e diante da nossa própria essência. E por uma razão bastante simples: ele nos tira da zona de conforto. Ele modifica uma situação preestabelecida, à qual estamos acostumados e por meio da qual somos identificados e aceitos. Isso não quer dizer que devemos evitá-lo. Muito pelo contrário. Na maioria das vezes, a vontade, a necessidade e a oportunidade de evoluirmos em nossa passagem por este planeta e alcançarmos nossos desejos mais profundos e legítimos impõem altas doses de desprendimento.
Exercitei o desprendimento algumas vezes em mais de 50 anos de vida. Às vezes, de maneira violenta e injusta, como quando tive que abrir mão do convívio com meu querido irmão, aos seis anos de idade. Foi um desprendimento imposto a mim e à minha família, que transformou profundamente o vínculo que tínhamos. A dor é sentida até hoje, quase 50 anos depois, e nos uniu com um amor da mesma intensidade.
Jovem, fui obrigada a desprender-me de uma confortável vida burguesa, custeada por meu pai, que apostou toda a sua solidez financeira, conquistada com muito trabalho e ousadia empresarial, na roleta russa do mercado financeiro, no qual acreditou poder confiar e que levou tudo o que me proporcionava uma diferenciada condição de vida e a certeza de um patrimônio a ser herdado. Foi também um desprendimento imposto, que me ensinou algo inesquecível: mais importante que o dinheiro é a nossa saúde mental, pois meu pai sucumbiu ao desvario que o levou ao Alzheimer.
Anos depois, na condição de mulher executiva que conseguiu conquistar notoriedade profissional e um salário capaz de tirar de cena qualquer problema financeiro, além de permitir retribuir o conforto que tanto recebi a meus pais, encarei um novo desprendimento. Desta vez, voluntário. E foi assim que mudei toda a minha história profissional, retomando a essência do jornalismo, onde eu era quase uma novata e abandonando o universo corporativo, onde eu já era conhecida, respeitada e tinha portas abertas.
Dessa vontade de fazer algo mais útil e com mais sentido na vida, apesar de ser uma pessoa muito realizada profissionalmente, nasceu este periódico, que mantenho a duras penas há 15 anos, longe da notícia fácil de vender jornal, apartado da politicagem e da maracutaia que macula mui-tos jornais e distribuído gratuitamente.
Confesso que a segurança financeira faz falta. Mas não mudaria minha escolha por causa dela. A paz de depender de pouco para viver é impagável. Assim como a satisfação de não sucumbir à corrupção e poder olhar nos olhos de qualquer pessoa, tendo o mais tranquilo dos sonos.
Esta edição tem boas histórias de desprendimento. A começar pela matéria de capa, que traz três amigos que, já muito bem estabelecidos, mudaram seus cenários adotando a vida simples do campo como realização de um sonho, veja em bem viver.
É também preciso desprender-se de hábitos da nossa rotina para nos adaptarmos aos imprevistos, como vemos em acontece, que traz profissionais de áreas distintas adotando novos meios de contato com quem hoje precisa ficar à distância.
Também foi preciso desprendimento das práticas convencionais de agricultura, ancoradas no plantio com uso de agrotóxicos, para os produtores de Avaré transformarem sua produção agrícola em alimentos orgânicos, que são ainda mais rentáveis, como vemos em agronegócio.
Essas histórias, que permeiam a edição ao lado de nossas tradicionais colunas de opiniões, receitas e entretenimento, ressaltam ainda que desprendimento não significa necessariamente viver com menos dinheiro, pode até ocorrer o contrário. Mas significa, sem sombra de dúvidas, que ele não é o mais importante.
Boa leitura!
Flávia Rocha Manfrin
editora 360
c/w: 14 99846-0732
360@jornal360.com
Ora ação!
Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.
1 Coríntios 3 VS 8
Código de ética
Artigo 9º -
Item 1
É dever do jornalista: Opor-se ao arbítrio,
ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Decla-ração Universal dos Direitos do Homem;