Uma entidade beneficente, por sua razão de ser – ajudar os menos favorecidos – sempre está às voltas com o desafio de gerar recursos para o seu sustento. Ou seja, sofre com a questão da sustentabilidade, inerente a qualquer empreendimento, seja ele para interesses privados, públicos ou comunitários. O “Lar da Criança”, entidade que acolhe menores em situação de abandono, negligência ou risco de Santa Cruz do Rio Pardo, chega aos 70 anos com fôlego, renovado e devidamente encaminhado para o auto-sustento.
Criada por membros de uma congregação espírita no dia 19 de novembro de 1950, a entidade sem fins lucrativos se concentrou no acolhimento de meninos até 18 anos, o que levou a ser chamada de “Lar Espírita” por uns e “Lar dos Meninos”, por outros. Com a instituição do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), em 1990, o “Lar”, como é hoje conhecido, passou a abrigar também meninas menores de idade. Em 2019, com a necessidade de atender maiores sem condições de se estabelecer socialmente, a entidade criou a Residência Inclusiva “Fonte de Amor”, dedicada ao público masculino. Para tanto, o “Lar” cresceu e organizou-se. E caminha a passos largos para uma situação que lhe permitirá depender cada vez menos de donativos e verbas públicas.
Administração e carinho – A mudança de ares da entidade, que vinha sofrendo com o desgaste de ter que abrigar até 80 crianças, começou em 2015 quando a diretora Alice Cabral Rheder Nardo convidou o empresário Mario Sérgio Manfrim, dono de uma das maiores empresas da região, para dirigir a entidade. Já frequentador da casa, que visitava para dar atenção às crianças, Mario assumiu a direção do “Lar” adotando seus internos da mesma forma com que trata os colaboradores de sua empresa, que, aliás, aceitaram participar da administração e manutenção da entidade: com amor e profundo res-peito. Isso significou reestruturar e capacitar a equipe de profissionais que cuidam da entidade e dos acolhidos, reformar as instalações que estavam bastante depreciadas pelo tempo e pela falta sistêmica de recursos, e desenvolver um plano de ações para geração de renda a curto, médio e longo prazos.
Para gerar os recursos imediatos, Mario agiu com duas fontes de captação. A primeira, levando a própria empresa a colaborar sistematicamente com a entidade e criando uma campanha de doação mensal junto aos colaboradores. Também fomentou o bazar de roupas e objetos seminovos e usados da entidade , que hoje funciona de forma muito bem organizada, como uma loja.