Presente entre nós desde 10.000 anos A.C., um vírus originário do camelo causou a doença conhecida como “O horror”, a varíola, que matava 30% dos infectados e deixava a pele bexiguenta, cheia de marcas, nos que sobreviviam. Mas havia uma exceção. A pele suave, lisa, sem marcas, fazia das mulheres que ordenhavam as vacas na Inglaterra do século XVIII as mais bonitas do país.
Em 1.808, quando Dom João VI chegou ao Brasil fugindo do exército de Napoleão Bonaparte, em sua comitiva estava sua esposa, Carlota Joaquina, com a pele de seu rosto marcado por cicatrizes das “bexigas” da varíola.
Edward Jenner foi um médico da zona rural da Inglaterra do século XVIII e observou que as mulheres que ordenhavam as vacas pegavam a varíola bovina, uma doença mais leve do que a varíola humana infectando somente as mãos dessas mulheres que, curiosamente, não se contaminavam pela varíola humana preservando suas vidas e a pele de seus rostos.
Edward Jenner não parou na observação e retirou o material de uma das pústulas da mão de uma mulher contaminada pela varíola bovina e o introduziu em um garoto de 8 anos, filho do jardineiro. Esperou 6 semanas e o contaminou com o material da varíola humana. Resultado: o menino não ficou doente com a varíola humana. Repetiu a experiência em mais 21 pessoas com sucesso e, 100 anos antes da descoberta do vírus, foi criada a primeira vacina recebendo seu nome em referência à vaca.
Louis Pasteur, meio século depois, propôs que as doenças eram causadas por algum tipo de “vida diminuta” e o nome vírus somente foi criado na virada do século XIX para XX.
O homem foi à lua, conversamos com imagem com o outro lado do planeta, fazemos cirurgias microscópicas, mas a medicina ainda não sabe curar a gripe, ou o resfriado e, frequentemente os médicos prescrevem o remédio da vovó para tratar essas viroses: chá e cama.
Nunca em sua história os cientistas se puseram a trabalhar intensivamente para entender e aprender a lidar com essa “vida diminuta”.
A história também conta que, toda vez que o ser humano se dispõe a trabalhar com afinco, ele conquista, e, por mais que estejamos esperando por uma vacina que nos proteja da SARS-COVID19 o mais rapidamente possível e é isso o que temos agora, tenho confiança que, ao longo e ao fim dessa batalha sairemos com um conhecimento sobre o vírus muito além da vacina e teremos um remédio diferente e muito melhor, em nível de um smartphone top de linha, do que o Dr. Edward Jenner descobriu 224 anos atrás.