O problema no Brasil é a ignorância. Calma, não se ofenda. Não aja como um “ignorante”, como costumam ser chamados os que se recusam a ouvir e acreditam que assim mantêm sua autoridade e, o que é pior, tornam-se conhecedores, senhores da razão. De fato, muitas vezes essas pessoas estão erradas. Ou equivocadas. Então, seja civilizado: procure aprender e aprimorar-se sempre. Pra isso, abra seus ouvidos antes de estressar.
O Brasil é realmente um país onde a educação foi alvo de descaso por décadas, aliás, ainda é. E estamos pagando o preço disso. Tanto que chega-se ao ponto de muita gente se deixar enganar. Inclusive aqueles que são notadamente vítimas da nossa sociedade, que historicamente dizimou seu povo, aqueles que aqui vivem por direito.
Índios, negros, imigrantes, trabalhadores, operários, pequenos produtores, mulheres, crianças, idosos… em maioria nos casos se deixam governar por quem assumidamente só pensa em explorá-los para desfrutar do alto padrão de vida que o poder proporciona.
Carros, serviçais, aviões, helicópteros, hoteis, jantares, roupas… tudo é custeado pelo dinheiro que a sociedade destina a quem incumbe, pagando muito bem por sinal, de zelar por ela. É como se você contratasse um funcionário que não fizesse nada, fosse servido por você e você ainda lhe pagasse um salário. Ou seja, não faz o menor sentido.
Isso é sinal de pura ignorância. E, de novo não se ofenda. Ignorar não é pecado, não é crime, não é vergonha. Ignorar é desconhecer. Apenas isso. E não adianta se valer de artifícios para dar pinta de “sabedor”. Nem se valer da sua fortuna, da sua educação coronelesca, da subserviência pela qual você é cercado, com pessoas prontas para concordar sem você sem nem piscar os olhos. Isso não vai tirar você da ignorância. Também não adianta se valer de brados, gritos ou argumentos sem fundamentos. Quem não sabe, não sabe.
A ignorância cega. Ela não esclarece. Ela confunde. Ou seja, ela leva você frequentemente a estar errado. Inclusive porque ao apegar-se a ela, você passa pelo ridículo de insistir em estar certo, quando está errado.
O Brasil tem provado ter um povo majoritariamente ignorante. O que não quer dizer que sua gente ignorante não inclua bons médicos, empresários, engenheiros e qualquer outra atividade que exija inteligência, estudo e perspicácia. Entenda, ser ignorante não é ser imbecil. A imbecilidade também se mostra latente por aqui, mas não é o tema deste nosso encontro.
Com tantos ignorantes, incluindo pessoas muito bem sucedidas, a única forma de proteger as nossas reservas, que nos dão autonomia enquanto nação, é delegar ao setor público cuidar de questões essenciais. E elas constam em algo que todo ignorante conhece pouco, muito pouco: nossa Constituição. Ela é nosso manual de cidadania. E evoluir não é tentar mudar nela aquilo que vai contra a sua vontade, pois senão não seríamos uma nação. Evoluir é tratar de, no mínimo, cumprir o que ela determina. E se organizar de maneira fundamentada e civilizada para mudar o que se mostra improdutivo e infrutífero para o bem comum.